A vida nada mais é do que matéria parcialmente organizada, uma sequência de reações químicas que ocorrem de modo ordenado. Essa organização da matéria em corpos, que chamamos de seres vivos, interage com fatores externos e com eles mesmos, de modo bastante simplificado, chamamos em ecologia de fatores abióticos (a=não, bio=vida; portanto, parte não viva) e bióticos (parte viva). A matéria é feita de átomos que estão aí há bilhões de anos oriundos da explosão de estrelas.

Em geologia, é removida uma amostra cilíndrica do solo com um instrumento rotativo, que captura como se fosse uma fatia da Terra. A esse fragmento damos o nome de testemunho. O testemunho quando analisado conta histórias da Terra, se ali naquele fragmento havia seres vivos (fósseis), se em um período foi mar, em outro, vulcão, em outro floresta, etc. Essa é uma das formas de estudar nossa história em uma escala temporal macro, o tempo geológico. Quanto dura um grão de areia?

Assistimos o esvaziamento de um saco de areia que havíamos pendurado, sobre o chão, uma almofada acolhia o monte que se juntava. O fio de areia que caía foi fotografado. No local, deixamos na ponta do saco vazio um fio de nylon com uma foto impressa dos dois lados posicionada um tanto acima do monte de areia que jazia no chão. Inicialmente chamamos de “A performance da areia” mas foi sugerida a revisão do título, entendendo que areia não performava. Na física há algo chamado de efeito do observador que diz que um objeto não se comporta da mesma forma quando é observado, porém estamos falando de instrumentos de medição enquanto observadores e esse efeito pode ser minimizado utilizando outros métodos ou técnicas de observação. Mesmo assim, em uma escala de nanopartícula é possível haver indeterminação. Logicamente, o comportamento de partículas não explica o comportamento de corpos de grande escala, mas me agrada saber que, em alguma medida, há indeterminação.

Porém a ideia de que a matéria é testemunha de acontecimentos não percebidos em nossa escala temporal permanecia em mim. Antes disso, ao pensar “quantas histórias esse corredor já transportou?” fizemos o “Álbum de família”, refletindo tanto sobre as histórias que carregamos com a gente, quanto as que vivenciamos nos espaços - ou a matéria nos espia? Explicar como foi feito

Um dia permaneci sentada em um banco em silêncio estudando, ao meu lado uma moça fazia o mesmo. Não nos conhecíamos, não trocamos nenhuma palavra durante muito tempo. Quando uma de nós ia partir (não me recordo mais quem), pedi o seu contato e perguntei se poderíamos marcar um encontro. Falamos brevemente e chegamos a um acordo que eu visitaria o jardim de sua mãe como parte do meu estudo. Quando saímos dali, fotografei o banco. Quantas outras histórias ele já testemunhou?

A visita foi realizada no jardim de Dona Inês, ines-quecível, como ela dizia que seus alunos a chamavam. Fez parte de uma série de visita a jardins comentadas pelas suas cuidadoras. O combinado era que em troca eu daria uma muda para ela, o que não foi possível de concretizar devido a avalanche que tomou minha vida. Muitos anos depois viria a conseguir localizar Pietra em uma rede social, a moça estudante de música com quem conversei, filha de Dona Inesquecível. Pedi desculpas por nunca ter retornado e expliquei os eventos que se passaram. Ela se tomou de empatia e foi compreensiva. Ela e a mãe moram hoje em outro estado, segue com a música mais como hobbie do que como profissão, mas a paixão pelo piano segue, agora fazia licenciatura em música, mesmo já formada em bacharelado para esse instrumento, era uma forma de seguir estudando e alimentando o seu amor. O trabalho com jardins foi a última atividade envolvendo outros antes do hiato que viria pela frente durante alguns anos.


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Biologia é o estudo da vida. Depois fiz o “estudo da casa” (Ecologia). Após isso, iniciei outra trajetória, que foi interrompida pelas perturbações da vida. Resiliência é a capacidade de um sistema de retornar ao seu estado original após perturbações, cá estou novamente. Sou apenas um espécime de estudo, uma entre tantas milhões.

“O que foi sonhado? E o que foi construído?” Sentada com uma caixa de madeira em frente ao meu rosto, abro a caixa e dela cai areia. Lá dentro há uma foto de três crianças na praia. Sou eu e meus irmãos, mas isso quem olha não sabe. Talvez notem a semelhança do rosto da menina com o meu. Novamente a areia como elemento. A areia que cai, que nos escapa quando a tomamos num punhado. Essa areia “incontível”, elemento de inevitável analogia com o tempo implacável, seja pela obviedade das ampulhetas, seja por ser ela que senta como poeira nos locais estagnados.





Depósito de sedimentos: explico sobre assoreamento, processos erosivos ou rochas sedimentares. Areia que conformava ilhas separadas e que com a oscilação das marés ao longo de milhões de anos, hoje é parte estruturante do solo que piso, península que habito. Areia que me impede de construir meu jardim fora de vasos. Sou epífita da Terra sobre local arenoso, solo infértil, insisto em cultivar mesmo assim. (A verdade é que o proprietário da casa, apesar de ser uma pessoa muito legal, não deixa que eu coloque terra para ter plantas direto no chão do pátio. O chato dos vasos é que tem que molhar sempre, se não tudo morre. Plantar direto na terra é diferente, mas tudo bem, já me acostumei. Também fica mais fácil de levar comigo ou doar as plantas que cuido, nessa vida de inquilina).


“Achados” se caracterizava por determinar excertos de eventos no cotidiano em que eram detectados enquanto acontecimentos. Quando me dava conta de que havia começado, procurava realizar algum registro, fossem fotos, vídeos ou anotações. No último, encontrei um senhora em um shopping, tivemos uma conversa sobre a vida, entre outras coisas me contou que aguardava sua filha. Saí de lá com a sensação de que aquele era o último “Achado”, aquele trabalho havia se encerrado. Qual não foi minha surpresa ao ir numa livraria e não encontrar minha carteira. Fiquei abismada, não podia crer que o ‘acontecimento’ que presenciava era na verdade meu próprio furto. Liguei para meu pai ainda incrédula, contei para ele a história: saí de uma farmácia e dali engatei uma conversa com uma senhora muito educada que aguardava sua filha, após alguns minutos de conversa, sua filha chegou e segui para a livraria, lá percebi que não estava mais com minha carteira. Eu ainda descrente com a única possibilidade que se apresentava clara à minha frente, recebo a constatação lúcida do meu pai “É minha filha, malaco também envelhece.”. Parecia um acontecimento. E era mesmo.

Em “Um dia na praia”, há fotos em uma praia com mar achocolatado, são retratados o mar e os desenhos que a água faz na areia. Conforme a areia seca e dependendo da textura e força do líquido que a depositou, a quantidade de grãos unidos e a ação do vento ou outras intempéries provocam outras grafias, plantas de diferentes espécies também possuem suas imagens capturadas, bem como conchas que por lá estão. A figura de um rapaz que interage com esses elementos compõe o último personagem. As imagens são repetitivas, com pequenas mudanças de ângulos, as sequências eventualmente repetem imagens mas com ordens diferentes ou novas imagens concluem essas sequências. Um jogo de deslocamento e perspectivas, com algumas pistas de eventos anteriores. Novamente trago como hipótese seres inanimados como testemunhas de eventos, extrapolando o efeito do observador.
Era um dia nublado, o céu branco de nuvens deixava as cores macias, como é da minha preferência registrar. Tudo parece feito de algodão doce. Estavam lá as plantas, a água, a areia, as conchas e mais uma pessoa, presenciando aquele momento. A sutil troca de enquadramentos e perspectivas tentavam fazer menção à sincronicidade de todos os fatos ordinários que ocorriam, num esforço inútil de captura de fatias da realidade. Caminhamos pelas dunas, flagrei as testemunhas locais, orientei ele a manusear determinados componentes da paisagem, fazendo os personagens interagirem.

A onda veio em seus pés, formou aquela lama líquida que, conforme afundamos e nos movemos, ao tentar sair ela se enrijece. Os fluidos não newtonianos apresentam essa característica: quanto mais uma pressão é exercida, endurecem. Reduzindo a pressão, retornam ao estado líquido. Lembra de você na praia deixando isso acontecer? Só para experimentar essa sensação de ser brevemente engolido por uma massa mole e em determinado momento tentar se libertar, arrancando torrões de terra. Uma hora parece que fazemos parte de tudo, somos um todo, vamos imergindo, até que, em um certo ponto, nos sentimos forçados a retornar.









Estávamos só nós lá. A areia gruda na pele, se transforma em massa quando se une a uma grande quantidade de água, quando se separa da água, cada grão volta a ter sua independência, sendo carregado pelo ar, ou deslizando um cristal sobre o outro livremente. Esse junta-separa forma diversos desenhos. Se a água contém espuma, outro comportamento os grãos terão quando a água ali não mais permanecer. As bolhas que compõem a espuma estouram, formando novos arranjos. Rompida a pele da tensão superficial, cristais são arremessados, enquanto outros ficam acumulados no resíduo que resta, engruvinhados.






Vento e água são fatores de intemperismo. Agem nos processos erosivos, fragmentando o solo.






Por isso as restingas são fundamentais nos ecossistemas costeiros, as raízes das plantas ajudam na fixação do solo, formam uma primeira barreira para reter parte da água que ali bate, entre outros serviços ecossistêmicos. Durante o processo evolutivo, foram selecionadas as mais adaptadas a esse ambiente, são comuns gramíneas e outras que adotam a estratégia de formar raízes em rede, o chamado rizoma, afinal, como segurar um punhado de areia?





























Aqui onde vivo é comum removerem a restinga para fazerem casas à beira mar ou mesmo para alugarem guarda-sóis e cadeiras de praia durante o verão. Quando o mar avança, as pessoas reclamam ou lamentam as destruições derivadas desse evento, como se fosse algo imprevisível.

Se as raízes auxiliam na fixação do solo, remover a cobertura vegetal de áreas inclinadas oferece risco de deslizamentos. Em função disso, nossa legislação ambiental diz que terrenos em encostas devem manter uma área de preservação a partir de uma declividade específica. Esse ano em São Sebastião-SP houve um grande deslizamento de terra que deixou vários mortos. Não cheguei a visitar São Sebastião, mas na época em que descobri que era possível acabar as colunas do excel durante a catalogação de dados de uma pesquisa, possivelmente esse era um dos pontos de entrevistas realizadas, visto que os dados incluíam o litoral norte paulista. Provavelmente algumas das pessoas que conversaram com meus colegas morreram, perderam parentes ou suas casas.

Se afastar muitas vezes nos ajuda a enxergar melhor, mesmo antes de chegarmos na fase da presbiopia. Fiz um curso de mergulho, mesmo sem saber nadar. Afinal, quando eu teria novamente uma oportunidade como aquela? Saber nadar era secundário, sabendo como chegar à superfície ainda com oxigênio já seria o suficiente. Porque se a gente não morre, a gente sobrevive. Você já se imaginou, lá no meio do mar, um pontinho no meio da imensidão azul? Poético, não?! Agora, quero ver você se achar! Dependendo do local e sua posição na coluna d’água, você está diante de um horizonte uniforme. Por isso, um dos principais aprendizados no segundo curso é saber como utilizar uma bússola para se localizar, saber para onde ir e como se achar em um determinado local. Na segunda saída de mergulho que realizei, após o curso, fui em dupla com outra colega de trabalho, ela já tinha alguns mergulhos. No mergulho recreativo os mergulhadores sempre andam em grupos, ou ao menos aos pares, por uma questão de segurança. Realmente, mergulhar é uma experiência bem diferente de tudo que vivi, mas não desenvolvi essa paixão. Eu experimentei e posso afirmar que não é para mim isso. Quando caímos na água, segui a colega como padrão, notei que a vegetação desaparecia e a paisagem se tornava monótona, a minha sensação era a de que deveríamos ir para o lado oposto, mas como era era a mergulhadora mais experiente, titubeei sobre minhas interpretações paisagísticas, tentei alcançá-la para sugerir de voltarmos, mas ela já estava um pouco distante, o suficiente para que não conseguisse me comunicar. Entre as medidas de segurança a serem seguidas está a orientação de que, quando se perder de seu parceiro, você deve ir para a superfície, assim nos enxergamos, vemos pontos de referência na superfície, nos localizamos e podemos nos unir novamente. Subi e vi nosso barco para trás, em seguida minha colega subiu e eu já ouvia as risadas de deboche da equipe que permaneciam na embarcação, nos perguntando se iríamos a nado para a próxima cidade, lado contrário ao nosso ponto de mergulho. Olhando para trás me percebo imersa, era muito difícil decidir qual caminho percorrer e de que forma para ter essa conversa que temos agora. O tempo ajudou no distanciamento para escolher o que emerge e lá permanece, como um referencial.

Nesse mergulho vimos um animal bem diferente, eu não tinha ideia do que era aquele bicho, mas era incrível ver o movimento coletivo de suas cerdas semelhantes a tufos de pelos brancos que ondulavam, a depender do movimento da água se expandiam e retraiam ao redor de seu corpo vermelho vermiforme. Como boas biólogas e respeitadoras das regras do mergulho contemplativo não tocamos nos seres observados. No ano seguinte, estudando sobre biodiversidade marinha local para lecionar no projeto interdisciplinar de educação ambiental que desenvolvia na escola, me deparo com a imagem daquele animal: verme-de-fogo. Agora lendo para essa produção descobri que não é por acaso o nome - como sempre em biologia: semelhante às lagartas de fogo, quando tocadas produzem queimaduras. É um anelídeo, parente da minhoca. Os anelídeos são assim chamados devido à característica de terem o corpo formado por uma série de anéis. As minhocas são do grupo das oligoquetas (oligo=pouco; queta=cerda) e os poliquetas-de-fogo talvez tenham sido o primeiro grupo representante dos animais de muitas cerdas que observei ao vivo.

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Esse ano em uma saída de campo, achamos um tubinho feito de pequenas pedrinhas e conchas, levamos para o laboratório para olharem na lupa os detalhes da estrutura, sabia que o animal que produzia aquela estrutura tinha um corpo vermiforme, mas não lembrava à qual grupo pertencia. Encontraram essa casinha de sedimentos em um vidro de uma coleção zoológica didática exposta em mostra que realizamos com parceiros há pouco. Lá dizia, poliqueta. Mais um ser desse grupo que eu não conhecia, não me lembrava que era um anelídeo poliqueta que fazia essa casinha.

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Durante um mergulho pude observar um budião, peixe-papagaio, de aproximadamente 40 cm numa coloração linda nacarada. Esses animais podem apresentar uma grande diversidade de cor mesmo dentro da mesma espécie, por isso não considero de fácil identificação. Chamado de jardineiro porque tem um papel fundamental como espécie chave no controle de algas para que corais possam crescer no local, esses peixes são herbívoros e me chamou atenção como ele cuidava de seu jardim, uma pedra que ele ficava rodeando e tocava embora outros peixes que se aproximavam dali. Além disso, quando comem também têm a capacidade de separar e eliminar a areia ingerida nas mordidas.


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De uma maneira ou outra, continuo a investigar as forças do invisível, contar a história do que não fala ou do que não é ouvido. Falar e ocupar uma parcela do meu tempo refletindo sobre coisas sem importância, corriqueiras, enfim, trivialidades.


Tempo geológico


Trecho de “Do mar ao deserto - Michael Holz”



Coleção de Pequenezas
















Costumo dizer que tem pessoas que são de mar e outras são de terra. Morei em uma outra cidade litorânea quando cheguei aqui e logo percebi que as pessoas de lá eram de terra. Apesar de viverem junto ao mar, a maior parte delas não frequentava a praia e se entretinha distante dele. Quando vim morar no litoral, um primo que morava naquela cidade há alguns anos logo falou “As pessoas tem uma fantasia de morar na praia, que por conta disso sempre irão à praia, mas depois com o tempo ninguém vai mais, vira uma cidade como outra qualquer”. Lembro de ter me questionado e pensado “acho que isso não vai acontecer comigo”.

Sim, eu também estava no contingente de pessoas que idealizavam morar na praia, mas eu vim pra cá em grande parte por isso, não foi uma decisão aleatória. Tentei unir minha necessidade com um sonho e me negava a me bastar apenas com a necessidade. Nessa cidade não consegui fazer muitos amigos, apesar de gostar dela, trabalhava quase todo o tempo e não conhecia pessoas de outro círculo, fora do ambiente laboral. Quando perguntava às minhas colegas o que fariam no final de semana, a maior parte ficaria com sua família, “cuidaria” de marido e filhos, caso fossem a algum lugar para se divertirem, seria uma ida ao shopping. Não poderia estar mais deslocada, nunca quis ser mãe, trabalhava em uma instituição que sempre achei falida, sujeita chata que acha shopping um saco, mas que está contente porque gosta do mar. Na cidade vizinha à minha, era só atravessar com a balsa para se deparar com as pessoas de mar. As pessoas de terra, apesar de viverem junto a corpos d’água, dão às costas aos mesmos, como era a relação de Porto Alegre com o Guaíba. Não foi à toa que propusemos em 2016 “Estrangeiros em Porto Alegre”.















Agora com a revitalização da orla parece que mudou um pouco. As polêmicas “revitalizações”, processos sobre os quais refletimos em “Ouvidoria” (2016), entre outros, também debatido pela ColetivA Cidades Germináveis com a “Sala de Passar” (2013). Uma vez conversando sobre isso, de pessoas mar-terra, um conhecido me contou que perto dessa cidade, em uma outra mais pra cima, os alunos vinham para aula com os pés sujos de areia, essa era uma das características das pessoas de mar. Eu sei que sou de mar, mas meu lugar não é lá embaixo. Lá se vão quase 5 anos morando nessa região e um dos meus maiores prazer ainda é poder ver o pôr do sol ao som mar para limpar a cabeça depois de um dia cheio.








Ouvidoria - Gasômetro
“Ouvidoria” (2016)











Para informações sobre ciência e seus conceitos, procure as referências adequadas da área. Não acredite em qualquer bobagem que lê por aí.

Referências:
https://biodiversidade.ufsc.br/ebook/Livro_Web.pdf